Por Henrique Rochelle em 18 de setembro de 2020.
Faz um mês, o New York City Ballet postou na página do Facebook da companhia (*) uma foto de dois momentos bem próximos, em uma coreografia de Jerome Robbins (Antique Epigraphs). Uma das fotos era da temporada de estreia, em 1984, e a outra era da temporada de 2018.
Eu passei um tempo olhando, observando, comparando. Não é exatamente a mesma pose, mas são momentos bem próximos. Só que as diferenças que eu mais notava não eram da coreografia: eram da organização dos corpos. Aberturas, torções, ângulos, apoios.
Pequenos detalhes que fogem da notação das coreografias, e que foram marcas na formação dessa companhia e de seus principais criadores — como são também em outras tantas. Mais que isso, são marcas do tempo, do como se dança (em teoria a mesma obra) em cada momento histórico.
Vem na cabeça a pergunta: o que o tempo faz com a dança?
E as respostas possíveis falam das mudanças, da memória, das características específicas de cada novo elenco, e também dos estilos, das preferências de coreógrafos de assinaturas bem reconhecíveis, e dos impactos que a presença deles (e depois a ausência, seja pelo distanciamento deles do grupo, ou pela morte) causa.
Esse é o tópico pra esse nosso encontro. Falar do tempo, da distância, e dos efeitos que eles causam nas obras, e nos jeitos de dançar.
Pra isso escolhemos trechos de duas obras com registros em momentos distintos. São dois Pas de deux, um de Balanchine e um de Forsythe, cada obra com um registro próximo de sua criação, e outro mais próximo do momento presente. Nosso exercício é o de assistir, pensar, procurar as diferenças. Juntos, vamos conversar sobre o que muda, tentar investigar o por quê muda, e procurar algum sentido sobre o que o tempo faz com a dança.
Até lá.
(*)
New York City Ballet
20 de agosto às 15:00
#TBT to this moment from Jerome Robbins’ Antique Epigraphs, photographed during its premiere run in 1984 by Martha Swope, and in 2018 by Erin Baiano.
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New York City Ballet – post em facebook de 20.08.2020